Moçambique perde cerca de US $ 2 bilhões com atraso do FID da Exxon Mobil

A principal petrolífera americana Exxon Mobil e seus parceiros no projeto de gás natural liquefeito (GNL) da Área 4 da Bacia do Rovuma projetaram 2020 como o ano de sua Decisão Final de Investimento (FID). Mas a pandemia Covid-19, que desvalorizou o preço do gás natural no mercado internacional, levou a multinacional a adiar sua decisão para uma data ainda a ser anunciada, pois a crise continua semeando incertezas no setor.

No seu Relatório e Contas para 2020, a Empresa Moçambicana de Hidrocarbonetos (ENH), braço empresarial do Estado no sector do petróleo e gás do país, afirma que o adiamento do FID da empresa e dos parceiros terá certamente um impacto negativo em Moçambique.

“Esta situação terá um impacto negativo para o país, uma vez que se previa que fossem gastos cerca de US $ 2 mil milhões na economia moçambicana”, refere o relatório da ENH.

A ENH diz que o impacto se explica pelo facto de, com o atraso do FID previsto para o primeiro trimestre de 2020, as empresas registadas em Moçambique terem deixado de receber o valor acordado para a aquisição de bens e serviços na economia nacional.

A Exxon Mobil atrasou o FID para o projeto Rovuma LNG em Moçambique em abril, seis meses após a tomada de uma Decisão de Investimento Inicial de cerca de US $ 520 milhões para atividades preparatórias a serem realizadas antes do início da fase inicial de construção da plataforma de liquefação de gás natural .

Numa altura em que se esperava que o FID da Bacia do Rovuma fosse tomado no próximo ano, o Director-Geral da Exxon Mobil em Moçambique, Jos Evens, falando num seminário sobre gás realizado no final de Outubro, mostrou alguma incerteza, alegadamente porque a decisão seria dependem de como o mercado se desenvolverá nos próximos meses e anos.

O projecto Rovuma LNG está a ser executado pelo consórcio Mozambique Rovuma Venture (MRV), liderado pela Exxon Mobil, e pretende produzir, liquefazer e comercializar gás natural a partir de três reservatórios do complexo Mamba, localizado no bloco da Área 4 no Rovuma Bacia, duas das quais fazem fronteira com a Área 1. O Plano de Desenvolvimento do Projeto prevê uma produção de GNL de 15,2 milhões de toneladas por ano.

Além da Exxon Mobil, a Mozambique Rovuma Venture (MRV) integra a Eni e a CNPC, que em conjunto detêm uma participação de 70% no contrato de concessão de pesquisa e produção, sendo que a Galp, KOGAS e ENH EP detêm cada uma uma participação de 10%.

Fonte: Carta de Moçambique